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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Japão Marcial

UMA HISTÓRIA MARCIAL DO JAPÃO

A lenda da casa imperial do Japão surgiu com a dominação e destruição de outras raças que habitavam as ilhas que viriam a se tornar o Japão e com a ascendência de alguns clãs japoneses sobre outros.

As primeiras migrações do continente a partir da península coreana e através dela remontam aos primórdios da história, onde os japoneses que cresciam em número aniquilaram as raças minoritárias. Houve diversas ondas de migração da Ásia Setentrional, resultando na ascensão do povo japonês. A cultura e a tecnologia chinesas e coreanas sustentaram o desenvolvimento dos primeiros japoneses nas eras pré-históricas e renovaram ondas de migração em épocas históricas, estimuladas por guerras e conquistas, e a construção do império continuou a enriquecer e conferir poder aos clãs dominantes. A mitologia das tribos antigas foi reunida e organizada de modo a refletir a hierarquia política dos clãs sob a lei imperial. Porém a tentativa de estabelecer um estado unificado não teve sucesso e os clãs mais fortes conseguiram manter considerável independência. Porém depois que os demais habitantes das ilhas haviam sido vencidos e o Estado Imperial foi estabelecido, as elites guerreiras japonesas mantiveram sua importância na sociedade. Mas, a falta de uma direção central, principalmente na família imperial que era dominada pelo clã FUJIWARA, favoreceu a competição entre os interesses regionais e entre os próprios guerreiros.

A presença militar caracteriza a história do Japão, por isso os samurais foram não apenas mestres do destino político da nação, mas também foram considerados líderes da consciência popular. A moral e o espírito do guerreiro foram importantes tanto na sua influência sobre a sociedade como em seu poder material.
Durante o século XIII, os novos líderes samurais do Japão buscaram inspiração na China, pois o zen-budismo e o neoconfucionismo (formas de pensamento dominantes na China), atraíram a atenção dos japoneses. Os guerreiros tomaram o lugar da velha aristocracia tanto na liderança política como na cultural e ao longo dos séculos subseqüentes, certos aspectos do zen e do neoconfucionismo foram adotados pelos samurais, influenciando o desenvolvimento do Bushidö e da ética japonesa.

Na Segunda tentativa da China de invadir o Japão, a esquadra invasora foi destruída pelos ventos de uma tempestade, chamada de Kamikaze, ou "vento divino" que se acreditava proteger a terra sagrada do Japão, o que causou profunda impressão na mente dos samurais e abalaram a ordem militar. Geralmente a vitória significava recompensa (terra), porém a derrota dos mongóis não trouxe "prêmios". Descontentes, os vassalos voltaram-se contra os senhores feudais estimulando conflitos entre os samurais, acarretando a derrubada dos shoguns do século XIV que foram substituídos por um novo shogunato.

Esse turbulento período ficou conhecido como a era dos Estados em Guerra. No fim dessa era, os europeus aportaram pela primeira vez no Japão. O poderoso general Ida Nobunaga percebeu as vantagens políticas e militares de acolher o Cristianismo e a tecnologia ocidental, lutou contra os rivais e seitas budistas e reunificou quase todo o Japão fragmentado no século XVI.

Ida foi assassinado e Toyotomi Hideyoshi assume o comando dos territórios e distanciou-se dos europeus, mas somente seu sucessor político-militar Tokugawa Teyasu rejeita o colonialismo e a cultura ocidental.

Essa política isolacionista impediu o desenvolvimento social e tecnológico do Japão. Os japoneses acreditavam que os ocidentais queriam o território e a riqueza japoneses. Após duzentos e cinqüenta anos o Japão deixou o isolamento sob insistência dos americanos que queriam negociar ou abrir caminho à força. Pouco a pouco o exército passou a imitar novamente o imperialismo ocidental.

Após vencer algumas guerras o Japão passou a ser reconhecido como uma potência mundial
(1910). Esse expansionismo, mais tarde, transferiu-se dos canais militares para os econômicos e diplomáticos. Depois do terremoto em 1923 e com o crescimento da vida metropolitana (trazendo o consumismo), a economia do Japão é assolada com força devastadora.

As cidades estavam cheias de refugiados desempregados da pobreza rural e as pessoas dividiam-se entre a moderação de seus ideais tradicionais e a ênfase dada ao consumismo e a competição inerente à influência da ocidentalização o que traz de volta o expansionismo, o nacionalismo e a mais rígida disciplina a fim de conter a crise. O disciplinarismo, basicamente uma forma civil de militarismo, às vezes disfarçado de zen ou de artes marciais, serviu de método contra a influência da falsa democracia ocidental. Contudo, o Japão comete um erro fatal: enfrentar todos os seus adversários de uma só vez. Após 1945 rendidos aos aliados, o Japão foi obrigado a renunciar para sempre à guerra, por decreto constitucional. Ao mesmo tempo, o imperador do Japão foi convencido a negar sua divindade e a estrutura do Estado Xintó foi desmantelada.

Contudo, o Japão conservou sua força marcial e reconstruiu suas aptidões industriais relativas a armamentos e os sentimentos raciais subjacentes ao fanatismo militar japonês não morreram com a derrota do Japão.

Em 1960 um livro que tratava supostamente de zen e do xintó dizia que o Japão tinha a missão divina de liderar o mundo e a imprensa japonesa popular da década de 80, reavivava a controvérsia de o país realmente ter se rendido ou não e se o imperador tinha mesmo renunciado à sua divindade.

Atualmente, o Japão aproxima-se rapidamente da superioridade global na tecnologia para fins militares. Supondo-se que por alguma razão o Japão irá identificar eternamente os seus interesses com os de seus aliados de agora, nos últimos anos os Estados unidos têm aumentado a pressão sobre ele no sentido de moderar o poder de sua economia, investindo com mais força em armamentos. Considerando-se a má vontade que esta e outras pressões afins, por parte dos Estados Unidos, têm fomentado na consciência japonesa, a prudência dessa política é duvidosa hoje, quando os Estados Unidos podem estar correndo o risco de se tornarem dependentes da tecnologia japonesa até mesmo para a sua própria defesa nacional.

Outras nações asiáticas, que antes suportaram o impacto do militarismo japonês, neste século sem dúvida têm expressando sua apreensão diante dos sinais de ultranacionalismo japonês percebidos nas esferas de atividades militares, educacionais, econômicas e diplomáticas. A esse respeito, as nações ocidentais, em particular os Estados Unidos, são consideradas demasiado arrogantes ou demasiado ingênuas para compreender de modo pleno que a tentativa de solucionar os problemas econômicos através da expansão da indústria armamentista traz consigo perigos que a história já mostrou, em última análise, estarem além do controle exclusivo da diplomacia.

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